O sistema universitário brasileiro reúne instituições de diferentes naturezas e esferas. A equipe gestora da chapa em questão agrega pesquisadores dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) e das Universidades Federais (UFs).
Os IFs já assumiram distintas institucionalidades em nosso país e são oriundos das escolas técnicas de formação de aprendizes e artífices para o mercado de trabalho industrial. São instituições centenárias e anteriores às UFs e também se encontram em todos os estados brasileiros. Em relação à presença da língua espanhola nos IFs, costuma-se assinalar o Tratado de Assunção (1991) como o marco responsável pela inserção da disciplina na educação profissional e tecnológica. Já a formação de professores de espanhol nos IFs inicia-se no ano de 2006, após a aprovação da já revogada Lei nº 11.161/2005.
A institucionalidade das Universidades no Brasil ainda é recente e sua maior expansão ocorre a partir de 1970. Os primeiros cursos superiores da área de Letras datam de 1920 em faculdades isoladas de Filosofia, Ciências e Letras. Somente a contar de 1930 as Faculdades de Letras ganham independência e presenciamos a oferta dos primeiros cursos de Bacharelado em Neolatinas e com isso o início da presença da língua espanhola no sistema universitário brasileiro.
O brevíssimo histórico serve para apontar alguns poucos dados sobre desde quando as forças de trabalho com a língua espanhola e suas literaturas estão presentes na educação superior brasileira e não podemos negar todo o trabalho já realizado até aqui por pesquisadores que nos antecederam. Disso surge o interesse de junção de nossa Chapa, portanto, de um trabalho que busca a reunião e as intersecções entre diferentes sujeitos responsáveis pelo Hispanismo em nosso país.
A Diretoria Hispanismo y reencuentros reconhece todo o trabalho realizado pelas gestões anteriores para o crescimento, o fortalecimento e a expansão das ações da ABH no decorrer de sua existência. Já avançamos muito e acreditamos que a Associação pode investir ainda mais no poder das redes e de seus novos hispanistas, com toda a sua diversidade e centros de formação de massa crítica. Para que isso ocorra, primeiro, faz-se necessário (re)conhecer quem somos, de quais lugares falamos, quais princípios teóricos empregamos, com quais outras áreas e Associações dialogamos e como podemos despertar o desejo de formar novos pesquisadores da área de espanhol, suas literaturas e culturas no Brasil.
Diante do crescimento das pesquisas no Hispanismo brasileiro, entendemos como essencial a compreensão do que é feito em nossa área para poder avançar na busca de novos trajetos. Também se faz importante considerar imagens e crenças sobre o que se entende por pesquisa científica, abordagens metodológicas, figura do pesquisador e instituições de pesquisa nos tempos atuais. Portanto, nossa chapa parte da necessidade da reflexão sobre as identidades que construíram o Hispanismo no Brasil para enxergar o hoje e aonde podemos e queremos chegar nos próximos anos.
Como ações e propostas para os dois anos de nossa gestão, pretendemos:
– discutir a noção de Hispanismo brasileiro e o papel de sua Associação;
– construir possibilidades de interação entre a ABH e outras Associações de pesquisa da área de Letras, Linguística e Literatura;
– verificar formas de maior parceria entre a ABH e demais Associações Internacionais de Hispanistas com o objetivo de (re)pensar o Hispanismo em outros espaços;
– mobilizar as comunidades científica e acadêmica para participarem da ABH como ouvintes, parceiros e futuros sócios;
– promover um trabalho de parceria entre a ABH e os colegas de Associações de Professores de Espanhol no Brasil, principalmente naquelas regiões ou estados com poucas ações formativas relacionadas ao ensino de espanhol;
– contribuir na divulgação de ações formativas oriundas dos cursos de Letras/Espanhol ofertados por Institutos Federais, Universidades e Faculdades públicas e particulares, com vistas ao fortalecimento do Hispanismo brasileiro e identificação das identidades desses centros e de suas formas de trabalho;
– abrir espaço na ABH para discussões sobre as concepções de formação inicial e os desafios decorrentes da formação de professores de espanhol nas instituições pesquisadas;
– auxiliar na difusão e na promoção de pesquisas concluídas em Programas de Pós-Graduação com relação direta e indireta com os temas de interesse do Hispanismo;
– contribuir para o acompanhamento das políticas educacionais, linguísticas e de reformas universitárias que sejam coerentes com a pluralidade e diversidade de práticas e posturas;
– estabelecer formas de interação com os associados e demais público interessado via redes sociais múltiplas como forma de divulgar o trabalho da ABH, dos sócios e de outros assuntos do Hispanismo;
– contribuir para o avanço da política editorial da revista da ABH e dos prêmios já existentes, bem como pensar novas formas de circulação da informação científica;
– continuar com a realização da Jornada Hispanismos em debate, ao promover atividades de formação inicial e continuada, no formato presencial ou à distância, sobre temas do Hispanismo e suas intersecções;
Esperamos, no final de nossa gestão, ter contribuído para o histórico do Hispanismo brasileiro a partir da necessidade de (re)pensar suas bases, avaliar seu crescimento como área e a relevância de sua aproximação à pesquisa científica que se orquestra em instituições de natureza diversa e de experiências de ensino em diferentes níveis de ensino.
Pelo exposto, apresentamos nossa candidatura ao próximo período de gestão da ABH, certos de nosso compromisso pelo fazer investigativo e da luta pela qualidade e igualdade da educação pública nos diferentes lugares de nosso país.